Ardendo sem compaixão
Profunda, é minha tristeza
E o choro do coração
Na terra seca e rachada
Já não há mais melodia
O violeiro calou-se
Por lhe faltar alegria
O verde desapareceu
E com ele a plantação
As águas também se foram
Deixando só sequidão
Olhando aquele braseiro
impiedoso e constante
Eu olho pro céu em busca
de nuvens itinerantes
Não há nuvens no céu
'Apenas no peito esperança'
O azul mantém-se firme
Em absoluta liderança...
***
Eu relembro os dias idos...
dos verdes, dos matagais,
das águas regando a terra...
Saciando os animais
A 'quartinha' com agua fresca
em cima da mesa ficava
Eita , água fresquinha!...
gostosa , refrigerada !
A mulher mui satisfeita,
cuidando da criação;
'cantante' enquanto levava
a lenha para o fogão
No café da manhã, inhame,
batata doce, macaxeira...
A mulher sempre animada...
"excelente cozinheira"
***
Eu relembro tudo isso
ao ver tal desolação
Agora nos falta tudo...
Por pouco, alimentação
Eu vejo a mulher abatida
cansada, triste, pensante...
Buscando sinais de chuva...
olhando pra além dos montes
Mas quem sabe Deus se apieda
nos dando o seu livramento
Sarando e curando a terra
com doces chuvas de alento
Virando esse sol tão quente
pra uma outra direção...
E volte a água e o verde
e a grama pro nosso chão...
E haja de novo alegria...
Pro povo do meu sertão
Adorei esse poema. Sou filho do sertão e ao ler pude presenciar todas as emoções nas palavras. Parabéns.
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